24 de junho de 2013

Vinícius de Moraes

Vinícius de Moraes, a vida em estado de poesia
Raffaella Bortolotto - A Gazeta da Casa, Ano VI, Junho de 2013
  
Carioca da gema (Rio de Janeiro, 1913-1980), Marcus Vinícius da Cruz e Melo Moraes foi, antes de tudo, um apaixonado. Aliás, Carlos Drummond de Andrade disse dele: "Vinícius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". Vinícius compositor,Vinícius intérprete, Vinícius escritor, jornalista, crítico de cinema, advogado, diplomata. Vinícius poeta. Poeta essencialmente lírico. Também conhecido como "Poetinha”, viveu a vida ao máximo, passou ela viajando e amando.
A sua obra poética é dividida habitualmente em duas fases: uma de sentido místico e lírico, e outra mais sensual e de linguagem mais simples, que ele mostra também nas composições populares. Seu domínio da língua culta foi decisivo para conferir qualidade literária à música popular brasileira (MPB), enriquecida com suas letras.

Em 1933 Vinícius lançou seu primeiro livro de poemas. Nessa época já era amigo dos poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A sua carreira literária começou com  O caminho para a distância (1933) que, como Forma e Exegese (1935) e Ariana, a mulher (1936), revela as preocupações místicas e transcendentais do autor, de estilo poético ainda indefinido.

O quarto livro, Novos poemas (1938), também se inclui nessa primeira fase. Cinco elegias (1943) e Poemas, sonetos e baladas (1946), marcam a transição para uma nova fase, mais voltada para a participação política e social, além da sensualidade. São desse período a Antologia poética (1955), o Livro dos sonetos (1957) e Novos poemas II (1959), que contém o poema "Receita de mulher". Na década de 1960 publicou mais três livros: Procura-se uma rosa, Para viver um grande amor (ambos de 1962) e Para uma menina com uma flor (1966), de crônicas. A arca de Noé (1970) é um livro de poesia para crianças.
 
Vinicius de Moraes é considerado um grande representante do lirismo amoroso dos nossos tempos. Após a primeira fase, assumiu inteiramente o papel de poeta do amor e do mundo em que vivemos.
 
E assim ele falava sobre o amor:

 
Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim

Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim