26 de maio de 2015

Machado de Assis

O gênio criador de Machado de Assis
Raffaella Bortolotto - A Gazeta da Casa, Ano VIII, Maio de 2015
 
Joaquim Maria Machado de Assis
 Conhecemo-nos entre as linhas do seu conto Missa do Galo: “Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar”, assim conclui a descripção de um dos personagens, Conceição. O encontro foi apaixonante. Era Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 - Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908), o escritor carioca de ascendência africana e portuguesa considerado o maior nome da literatura brasileira e um dos grandes gênios do âmbito na história. Poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, jornalista e crítico literário, escreveu em todos os gêneros. Além disso, foi um importante relator e comentador dos acontecimentos políticos-sociais da sua época, momento de mudanças  relevantes em que a República substituiu o Império.

Nasceu em uma família pobre Machado. Entre os seis e os catorze anos  perdeu a sua única irmã, a mãe e o pai. Estudou numa escola pública e não frequentou a universidade. Mas tinha um grande talento e uma enorme força de vontade, que fizeram com que superasse toda adversidade. Aliás, a sua superioridade intelectual o levou a assumir vários cargos públicos, no Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas. No âmbito literário, a sua carreira de escritor começou precocemente, por volta dos 16 anos, publicando poesias e crônicas nos jornais locais enquanto trabalhava como aprendiz numa tipografia.  Na maduridade fundou a Academia Brasileira de Letras e foi o seu primeiro presidente.

[A extensa obra de Machado de Assis é constituida por 9 romances, 9 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Os romances e contos anteriores à década de 1880 revelam influências românticas, como  Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), Contos Fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873). A publicação do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) marca a segunda etapa, com uma evidente mudança estilística e temática, e o escritor torna-se o pai do Realismo no Brasil. A partir daí, a ironia, o pessimismo, o espírito crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira viram as principais características das suas obras. Dessa fase fazem parte Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).

Machado de Assis é considerado um dos grandes da literatura universal, ao lado de Shakespeare, Dante Alighieri, Flaubert ou Dostoievski. Infelizmente, como no caso de outros importantes autores da literatura brasileira, o fato de ele ter escrito em português, uma língua de poucos leitores, tornou difícil o seu reconhecimento internacional. Foi a partir do final do século XX que as suas obras começaram a ser traduzidas para o inglês, o francês, o espanhol e o alemão, despertando interesse mundial.

 Quando Machado de Assis morreu, na sua casa situada na rua Cosme Velho, foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro, e seu enterro, acompanhado por uma multidão.

 

 "Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde. Mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo." Do romance Dom Casmurro