Raffaella Bortolotto - A Gazeta da Casa, Ano V, Junho de 2012
Contista,
romancista, dramaturgo, Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago do
Boqueirão, RS, 1948 - Porto Alegre, RS, 1996) inicia os cursos de Letras e
Artes Cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas abandona ambos
para trabalhar como jornalista, sendo essa atividade a sua principal fonte de
subsistência, com a qual mistura a carreira literária. Em 1968 transfere-se para São Paulo, após ser selecionado, em
concurso nacional, para compor a primeira redação da revista Veja. No
ano seguinte, perseguido pela ditadura militar, refugia-se na chácara da
escritora Hilda Hilst,
em Campinas, São Paulo. A partir daí passa a levar uma vida errante no Brasil e
no exterior. Fascinado pela contracultura, viaja pela Europa de mochila nas
costas, vive em comunidade, lava pratos em Estocolmo, e considera a
possibilidade de viver de artesanato em uma praça de Ipanema. Na década de
1980, escreve para algumas revistas e torna-se editor do semanário Leia
Livros. Em 1990, Abreu vai a Londres lançar a tradução inglesa de Os
Dragões Não Conhecem o Paraíso (1988). Quatro anos depois, em 1994, ele vai para
a França a convite da Maison des Écrivains Étrangers et des Traducteurs de
Saint Nazaire, onde escreve a novela Bien Loin de Marienbad. Em setembro do mesmo ano escreve em sua coluna semanal, no jornal O
Estado de S. Paulo, uma série de três cartas denominadas Cartas
para Além do Muro, onde declara ser portador do vírus HIV.
À medida que sua
produção se desenvolve, a identificação não se faz mais com a geração dos anos
60-70, mas é designado porta-voz daqueles que se sentem sufocados em uma
sociedade massificadora e alienante, independente de uma filosofia de grupo.
Ele é o escritor que fala da
falência dos sonhos, mas principalmente da inadequação e do vazio das pessoas
no cenário das grandes cidades: "De repente, estou só. Dentro do
parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país,
dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da
galáxia — dentro do universo, eu estou só. De repente. Com a mesma intensidade
estou em mim." Na obra, é nítido o tema da constante busca por algo
capaz de dar sentido à vida, pela possibilidade de descobrir uma forma de realização pessoal que supere o
esmagamento dos sonhos.
Assim, Caio lida com temas universais e permanentes, inerentes aos questionamentos mais profundos do ser humano, e transcendentes às circunstâncias sócio-históricas: "Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar."
Assim, Caio lida com temas universais e permanentes, inerentes aos questionamentos mais profundos do ser humano, e transcendentes às circunstâncias sócio-históricas: "Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar."
"Vem, antes que eu me vá, antes que
seja tarde demais. Vem, que eu não tenho ninguém e te quero junto a mim. Vem,
que eu te ensinarei a voar."
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