1 de dezembro de 2013

Paulo Leminski

O talento artístico de Paulo Leminski
Raffaella Bortolotto - A Gazeta da Casa, Ano VI, Dezembro de 2013
 
Em um lindo dia ensolarado do passado mês de setembro, visitamos a Exposição Múltiplo Leminski no Ecomuseu de Itaipu (PR), onde pudemos apreciar textos datilografados, cadernos, colagens, objetos e fotos do artista paranaense.

Mestiço de pai polonês com mãe negra, Paulo Leminski (Curitiba, 24 de agosto de 1944 - 7 de junho de 1989) foi poeta, escritor, tradutor, crítico literário e professor. Com a sua criatividade e maestria, ele encheu de versos e prosas algumas das mais lindas páginas da literatura paranaense e brasileira da segunda metade do século XX. Trabalhou como redator de publicidade e compos canções gravadas por Caetano Veloso, além de traduzir obras de James Joyce Samuel Beckett, Alfred Jarry, entre outros, e
colaborar com o suplemento Folhetim do jornal Folha de São Paulo e com a revista Veja. Paulo Leminski foi também um estudioso da língua e cultura japonesas. Sua obra influenciou os movimentos poéticos dos últimos vinte anos. Em 1955, seu livro Metamorfose foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia.

Artista multifacetado e prolífico, simples e complexo ao mesmo tempo, Leminski exercitou diferentes gêneros e estilos literários e empregou múltiplas linguagens para produzir uma estética transgressiva e vanguardista. Ele expressou a rebeldia de uma geração que marcou profundamente a cultura brasileira e as aspirações do povo pela liberdade, a democracia e a justíça social, tema de grande atualidade no país.
 
E sem nunca ter usado um computador, segundo as palavaras da sua mulher, ela também poeta, Alice Ruiz.


Paulo Leminski



24 de junho de 2013

Vinícius de Moraes

Vinícius de Moraes, a vida em estado de poesia
Raffaella Bortolotto - A Gazeta da Casa, Ano VI, Junho de 2013
  
Carioca da gema (Rio de Janeiro, 1913-1980), Marcus Vinícius da Cruz e Melo Moraes foi, antes de tudo, um apaixonado. Aliás, Carlos Drummond de Andrade disse dele: "Vinícius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural". Vinícius compositor,Vinícius intérprete, Vinícius escritor, jornalista, crítico de cinema, advogado, diplomata. Vinícius poeta. Poeta essencialmente lírico. Também conhecido como "Poetinha”, viveu a vida ao máximo, passou ela viajando e amando.
A sua obra poética é dividida habitualmente em duas fases: uma de sentido místico e lírico, e outra mais sensual e de linguagem mais simples, que ele mostra também nas composições populares. Seu domínio da língua culta foi decisivo para conferir qualidade literária à música popular brasileira (MPB), enriquecida com suas letras.

Em 1933 Vinícius lançou seu primeiro livro de poemas. Nessa época já era amigo dos poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A sua carreira literária começou com  O caminho para a distância (1933) que, como Forma e Exegese (1935) e Ariana, a mulher (1936), revela as preocupações místicas e transcendentais do autor, de estilo poético ainda indefinido.

O quarto livro, Novos poemas (1938), também se inclui nessa primeira fase. Cinco elegias (1943) e Poemas, sonetos e baladas (1946), marcam a transição para uma nova fase, mais voltada para a participação política e social, além da sensualidade. São desse período a Antologia poética (1955), o Livro dos sonetos (1957) e Novos poemas II (1959), que contém o poema "Receita de mulher". Na década de 1960 publicou mais três livros: Procura-se uma rosa, Para viver um grande amor (ambos de 1962) e Para uma menina com uma flor (1966), de crônicas. A arca de Noé (1970) é um livro de poesia para crianças.
 
Vinicius de Moraes é considerado um grande representante do lirismo amoroso dos nossos tempos. Após a primeira fase, assumiu inteiramente o papel de poeta do amor e do mundo em que vivemos.
 
E assim ele falava sobre o amor:

 
Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ela
Que sem ela não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ela
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim

Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim
 

22 de março de 2013

Décio Pignatari

A poesia concreta de Décio Pignatari
Raffaella Bortolotto - A Gazeta da Casa, Ano V, Março de 2013
 

Considerado uma das inteligências mais incisivas que o Brasil já teve e uma das vozes mais singulares da literatura brasileira do século XX,  Pignatari foi poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo, tradutor e professor.
 
Nascido em Jundiaí, interior paulista, em 1927, filho de imigrantes italianos, Décio publica seus primeiros poemas em 1949 na Revista Brasileira de Poesia. Em 1950 lança seu livro estreia, Carrossel.
 
Forma-se em Direito, e na década dos anos 50 funda, junto com os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, a revista Noigandres, considerada a máxima expressão mundial do Concretismo, movimento vanguardista surgido em 1953, inicialmente na música, depois na poesia e, por fim, nas artes plásticas, que defendia a racionalidade e rejeitava o Expressionismo, o acaso, a abstração lírica e aleatória. Nas obras surgidas no movimento, sua intenção era acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.
 
Em 1965 Pignatari publica o livro Teoria da Poesia Concreta. Além da produção crítica e literária, faz pesquisas na área de semiótica. Como teórico da comunicação, ele também contribui com a fundação da Associação Brasileira de Semiótica, sendo professor da matéria.
 
Sua obra poética está reunida em Poesia Pois é Poesia (1977).
 
Décio foi embora na manhã do domingo 2 de dezembro do ano passado aos 85 anos de idade, em São Paulo.
 
 
Décio Pignatari